A megaoperação deflagrada no início da semana nas comunidades da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, continua repercutindo em todo o país. Considerada a ação policial mais letal da história do estado, a operação mobilizou cerca de 2,5 mil agentes com o objetivo de conter a expansão do Comando Vermelho e cumprir 51 mandados de prisão relacionados ao tráfico de drogas.
O saldo da operação foi trágico: 121 pessoas perderam a vida, segundo as autoridades, e dezenas ficaram feridas — entre elas, vários policiais que estavam na linha de frente. Um dos casos que mais sensibilizou a corporação foi o do delegado Bernardo Leal Anne Dias, assistente da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), que foi gravemente ferido durante os confrontos.
Durante a ação, o delegado foi atingido por disparos e precisou ser submetido a uma cirurgia de emergência, que resultou na amputação de uma das pernas. O procedimento foi realizado ainda no hospital para conter a hemorragia e preservar sua vida. O caso comoveu colegas, amigos e familiares, que acompanham de perto sua recuperação.
Em coletiva de imprensa concedida nesta quinta-feira (30), o secretário de Polícia Militar do Rio, coronel Marcelo de Menezes, atualizou o estado de saúde de Bernardo, informando que o delegado segue internado em estado grave, mas está consciente e recebendo todos os cuidados necessários. O oficial também destacou o espírito de força e determinação do delegado, que, mesmo diante de um quadro delicado, demonstrou gratidão à equipe médica e aos companheiros de farda.
De acordo com relatos internos, um gesto comovente marcou o período pós-cirúrgico: ao acordar da anestesia, Bernardo teria pedido para saber se os colegas feridos estavam bem — um ato que emocionou todos ao redor e reforçou o companheirismo que sempre demonstrou ao longo de sua carreira.
Além de Bernardo, quatro policiais civis seguem internados, mas com quadro clínico estável e boa evolução. Na Polícia Militar, dois agentes permanecem em estado grave, enquanto outros sete estão hospitalizados, porém com recuperação positiva.
A operação, apesar de considerada um marco estratégico contra o crime organizado, reacendeu o debate sobre os riscos enfrentados pelas forças de segurança e a necessidade de protocolos mais rigorosos de proteção para os agentes em campo.
Vídeos gravados por moradores e por policiais mostram a correria e a tensão do momento em que os feridos eram socorridos sob fogo cruzado. Essas imagens, amplamente compartilhadas nas redes sociais, revelam o lado humano e vulnerável de quem, diariamente, enfrenta situações de extremo perigo em nome da segurança pública.
O caso do delegado Bernardo Leal Anne Dias simboliza a coragem e a entrega dos profissionais que dedicam a vida a proteger outras. Sua recuperação segue acompanhada com esperança por toda a corporação, que reconhece nele um exemplo de força, resiliência e compromisso com o dever.