A cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, vive um dos momentos mais desafiadores de sua história recente. Na última sexta-feira, 7 de novembro, um tornado de grande intensidade atravessou o município, deixando moradores atônitos diante da transformação repentina do cenário onde viviam. Em poucos minutos, casas, comércios e lembranças foram impactados pela força dos ventos, que chegaram a aproximadamente 250 km/h, segundo órgãos meteorológicos.
Entre os inúmeros relatos marcantes, a história do senhor Gilberto Brecailo ganhou destaque pela sinceridade e emoção. Ainda abalado, ele relembrou o momento em que viu sua casa e a oficina, fonte de sustento da família, serem destruídas. “Ficamos só com as roupas e os documentos”, contou, enquanto observava o espaço vazio onde antes havia anos de trabalho e dedicação. Suas palavras refletem o sentimento de muitos moradores, que agora buscam forças para reconstruir não apenas suas casas, mas também a rotina que foi interrompida de forma inesperada.
O tornado, classificado como EF3 na escala de intensidade, transformou profundamente a paisagem urbana. Carros ficaram danificados, árvores foram arrancadas e muitas construções perderam parte ou toda a estrutura. A Defesa Civil informou que mais de 14 mil pessoas foram afetadas diretamente. O levantamento aponta ainda 672 casas danificadas, além de 1.000 pessoas desalojadas e 28 desabrigadas. Esses números podem aumentar com o avanço das avaliações.
Moradores relataram momentos de grande tensão durante a passagem do fenômeno. O professor de judô Marcelo Gomes, que estava em um centro cultural com um grupo de crianças, descreveu a sensação vivida. Ele contou que, ao perceberem a força do vento, todos se abrigaram em um banheiro e fizeram uma oração. Ao saírem, encontraram o espaço completamente modificado. Assim como ele, outros habitantes também se uniram para proteger familiares e vizinhos, buscando maneiras seguras de enfrentar o momento.
As autoridades estaduais e federais rapidamente se mobilizaram. O governo do Paraná decretou estado de calamidade pública, medida que facilita o envio de recursos e apoio emergencial. Representantes do governo federal também manifestaram solidariedade às famílias afetadas. Equipes especializadas foram encaminhadas para auxiliar nos trabalhos de atendimento, resgate, assistência social e início da recuperação.
Apesar da tristeza e das perdas materiais, o clima entre os moradores é de união. Muitos se organizam para ajudar vizinhos, amigos e parentes, demonstrando solidariedade em meio às dificuldades. Voluntários e instituições locais também têm atuado na distribuição de roupas, alimentos e itens essenciais, contribuindo para que as famílias retomem, aos poucos, sua rotina.
O cenário de Rio Bonito do Iguaçu, ainda marcado por escombros, também revela a força de quem permanece ali, disposto a recomeçar. Entre lembranças que permaneceram intactas e outras que agora fazem parte da memória, surge a esperança de reconstruir não apenas casas, mas o sentimento de segurança e tranquilidade.
Em meio às transformações provocadas pela natureza, fica evidente a importância do apoio coletivo. A história de Gilberto e de tantos outros moradores nos convida a olhar com sensibilidade para aqueles que enfrentam momentos delicados, reconhecendo a força e a coragem que florescem mesmo diante das maiores adversidades.