O município de São Félix do Xingu, no sudoeste do Pará, amanheceu em estado de choque neste sábado (15) após a confirmação do desfecho trágico de um sequestro que mobilizou forças policiais durante toda a madrugada. O fazendeiro e empresário Sebastião Divino dos Reis, proprietário de uma lotérica na cidade, e o filho Daniel Teodoro dos Reis, advogado atuante na região, foram encontrados mortos em uma área rural horas depois de serem levados à força por criminosos armados.
Segundo informações apuradas pela Polícia Civil, o crime teve início por volta das 3h da madrugada, quando dois homens armados invadiram uma fazenda situada na região da Vila Central, onde parte da família estava hospedada. Os invasores renderam os moradores e, sob forte coação, exigiram que Sebastião e Daniel os acompanhassem. A dupla foi obrigada a entrar em duas caminhonetes modelo Triton — uma branca e outra prata — e levada até outra propriedade da família, a conhecida Fazenda Pista Roxa.
O clima de desespero tomou conta dos familiares e vizinhos, que acionaram as autoridades logo após o sequestro. Equipes policiais iniciaram buscas ainda no início da manhã, vasculhando estradas vicinais, pastagens e áreas de mata fechada. Por volta das 9h, os corpos de pai e filho foram encontrados. A suspeita preliminar é de que tenham sido mortos ainda durante o curso da ação criminosa, sem qualquer possibilidade de negociação ou pedido de resgate.
Diante da brutalidade do caso, as investigações evoluíram rapidamente. No domingo (16), durante a Operação Saturação, realizada para vasculhar rotas de fuga utilizadas por grupos armados na região, a polícia prendeu Toninho da Mineira, apontado como suspeito de envolvimento e possível mandante do sequestro. Ele foi localizado na Vila Iriri após denúncias que indicavam sua movimentação na área.
A Polícia Civil informou que continua realizando diligências com o objetivo de identificar e capturar outros possíveis participantes do crime. As autoridades não descartam que os autores tenham planejado o ataque com antecedência, conhecendo tanto os hábitos da família quanto a lógica de deslocamento entre as propriedades rurais.
A morte de Daniel, que exercia a advocacia em municípios vizinhos, gerou forte comoção regional. A OAB – Subseção Parauapebas divulgou nota de pesar lamentando a perda e destacando sua atuação profissional. Já a comunidade local reagiu com indignação e temor, diante da escalada de violência no campo e da atuação de grupos armados em áreas rurais.
Enquanto as investigações se aprofundam, familiares e amigos se preparam para o sepultamento, buscando respostas em meio ao trauma. A tragédia expõe, mais uma vez, a vulnerabilidade de produtores rurais e profissionais que atuam em regiões marcadas por conflitos fundiários, interesses econômicos e disputas silenciosas.