Jovem que tirou a vida do primo de 10 anos; disse ter ouvido vozes afirma a policia

A noite de sábado (8) em Altinho, no Agreste de Pernambuco, parecia tranquila como tantas outras. Dentro de uma casa simples, onde três gerações compartilhavam o mesmo teto, um menino de apenas 10 anos adormecia sem imaginar que jamais voltaria a acordar. O que aconteceu a seguir deixou não só a cidade em choque — mas o estado inteiro mergulhado em perplexidade e horror.

Samuel de Lima Ferreira, de 10 anos, foi assassinado a facadas pelo próprio primo, um adolescente de 17 anos, enquanto dormia. O ataque aconteceu de forma silenciosa e inesperada, no interior da residência onde a criança vivia com a mãe e o avô. Naquele momento, estavam na casa apenas três pessoas: o avô, a vítima e o agressor.

Segundo o avô, Lourival Ivo de Lima, ambos haviam passado o dia juntos. Nada indicava que um crime brutal seria cometido horas depois. O agressor não morava com a família, mas costumava visitar a casa. Mais tarde, a revelação que viria da boca do próprio autor do homicídio deixaria ainda mais perguntas e inquietações.

O adolescente confessou o assassinato e declarou à polícia que “ouviu vozes” ordenando que ele matasse Samuel. Segundo o delegado responsável pelo caso, Eric Costa, o jovem relatou que já havia escutado comandos semelhantes antes — inclusive para agredir os próprios pais — mas sempre conseguiu resistir. Naquela noite, entretanto, a resistência desapareceu.

“Ele afirma que perdeu o controle e que as vozes diziam que ele precisava fazer aquilo”, explicou o delegado, descrevendo o depoimento com frieza necessária, mas reconhecendo o peso da situação.

A faca usada no ataque foi apreendida, e o adolescente foi preso em flagrante. Samuel ainda foi levado para um hospital no Recife, na esperança de que os médicos conseguissem reverter o quadro devastador causado pelas lesões. Mas o menino morreu na madrugada de segunda-feira (10), encerrando qualquer chance de retorno e empurrando a família para uma dor irreversível.

O caso expôs uma tragédia silenciosa dentro da própria família: o agressor tinha diagnóstico de esquizofrenia e estava em tratamento psiquiátrico pelo CRAS do município, realizando uso diário de medicação. A pergunta que assombra a família e os moradores de Altinho agora é: por que ninguém percebeu que havia risco iminente? Ou pior: seria possível evitá-lo?

Enquanto a polícia investiga o contexto completo, a casa onde tudo aconteceu permanece marcada por um silêncio perturbador — o mesmo silêncio que precedeu o ataque. Um avô que viu os dois netos crescerem lado a lado agora convive com uma dualidade insuportável: chora pelo que perdeu e tenta compreender o que o outro se tornou.

A linha entre vítima e agressor nunca pareceu tão cruelmente confusa.

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