Laudo revela novos detalhes sobre tragédia com ônibus em PE que que deixou 17 mortos

As investigações sobre o grave acidente envolvendo um ônibus de viagem no Agreste de Pernambuco ganharam novos desdobramentos após a divulgação de informações técnicas da perícia. O episódio, registrado no dia 17 de outubro, marcou profundamente a região ao resultar na morte de 17 pessoas e deixar dezenas de feridos entre os cerca de 40 passageiros a bordo. O acidente ocorreu na Serra dos Ventos, trecho que liga Paranatama a Saloá, uma área conhecida pelas curvas fechadas e pelo traçado desafiador.

Segundo a análise preliminar da Polícia Rodoviária Federal (PRF), fatores relacionados à condução do veículo e ao uso — ou falta de uso — de dispositivos de segurança podem ter influenciado diretamente a gravidade da ocorrência. Os peritos identificaram que o ônibus trafegava a aproximadamente 90 km/h em um trecho onde o limite máximo permitido é de 50 km/h. Além da velocidade acima do recomendável, a via apresenta declive acentuado, curvas sucessivas e iluminação reduzida — características que exigem atenção redobrada e condução preventiva.

Outro ponto que chamou atenção no laudo é a questão do cinto de segurança. Embora as poltronas fossem equipadas com o equipamento, os peritos indicaram que os cintos não estavam claramente disponíveis aos passageiros, o que pode ter contribuído para o não uso. A ausência desse cuidado teria ampliado o impacto físico nos ocupantes, aumentando a gravidade dos ferimentos.

O veículo havia sido fretado por uma empresa da cidade de Brumado, na Bahia, para transportar compradores que retornavam de Santa Cruz do Capibaribe, conhecido polo têxtil e atacadista. O laudo também apontou que havia mais pessoas a bordo do que o número registrado no termo de fretamento, levantando a suspeita de que passageiros extras teriam embarcado ao longo do trajeto.

A perícia não identificou falhas mecânicas nem problemas relevantes na pista ou na condição climática que pudessem justificar a perda de controle do veículo. Uma ausência foi observada, porém: a sinalização específica de limite de velocidade não estava presente no trecho. Ainda assim, havia placas alertando sobre o declive e sobre a necessidade de uso de freio motor.

O relatório técnico descreve que o ônibus colidiu inicialmente contra rochas à beira da via, e em seguida atingiu um barranco de areia, momento anterior ao tombamento. Cinco vítimas foram projetadas para fora antes mesmo de o ônibus virar completamente. Dois motoristas se revezavam durante a viagem e ambos sobreviveram; um deles relatou que descansava no momento do impacto.

O caso reacende debates sobre segurança no transporte de passageiros, importância do uso do cinto em viagens rodoviárias e fiscalização do fretamento intermunicipal. Especialistas reforçam que a segurança nas estradas depende de responsabilidade compartilhada — empresas, motoristas e passageiros desempenham papéis fundamentais para que viagens sejam feitas de maneira segura.

As investigações seguem em andamento para esclarecer todos os detalhes do acidente e reforçar medidas preventivas em regiões com tráfego mais complexo.

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