A última terça-feira foi marcada por intensa movimentação na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Após uma madrugada considerada difícil na carceragem, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou ao centro das atenções quando recebeu a visita do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). À saída do prédio, o parlamentar conversou com a imprensa e compartilhou informações que chamaram a atenção do público e reacenderam questionamentos sobre o estado de saúde do pai.
Segundo Flávio, Bolsonaro sofreu uma nova crise de soluços durante a madrugada — um sintoma que acompanha o ex-mandatário há anos e que, em episódios anteriores, já provocou desconforto físico e necessidade de acompanhamento médico. O senador descreveu o cenário como preocupante, especialmente considerando a idade do pai. “É um homem de 70 anos”, ressaltou, sugerindo fragilidade e vulnerabilidade no atual momento.
A defesa de Bolsonaro mantém a linha de argumentação de que a violação da tornozeleira eletrônica, apontada pela decisão judicial que resultou em sua prisão preventiva, teria sido consequência de um estado de confusão mental induzido pelo uso de medicamentos. Flávio reforçou essa narrativa ao afirmar que a nova crise indica instabilidade no quadro clínico. “Teve outra crise”, relatou.
Outro ponto destacado foi a ausência da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no acompanhamento cotidiano do marido. Segundo Flávio, a presença dela seria uma peça essencial no cuidado com a saúde do ex-presidente. “É ela quem organiza a rotina dele, ajusta na hora de dormir, verifica a posição, acompanha de perto se está tudo bem”, disse, ao defender o retorno do pai ao regime domiciliar.
Flávio relatou ainda que o sintoma apresentado durante a madrugada só foi amenizado porque um policial federal se ofereceu para entregar o medicamento necessário ao ex-presidente, detalhe que chamou a atenção pela informalidade do atendimento. Bolsonaro está detido em uma sala especial — destinada a autoridades — onde permanece sozinho durante as noites.
O ex-mandatário está preso desde sábado (22) por decisão do ministro Alexandre de Moraes, que apontou risco de fuga e violação do monitoramento eletrônico. O despacho também determinou que a equipe médica registrada no processo tem autorização para realizar atendimentos regulares e, em caso de emergência, o SAMU deve ser acionado imediatamente.
As visitas seguem rigorosamente controladas. Na próxima quinta-feira, está programada a entrada de Jair Renan Bolsonaro, o filho “04”, com permanência autorizada por até 30 minutos, entre 9h e 11h.
À medida que novos relatos saem do interior da carceragem, permanecem no ar dúvidas sobre os próximos desdobramentos — tanto judiciais quanto médicos — e sobre como o ex-presidente avançará nesse período de monitoramento restrito e alta repercussão pública.