A rede Carrefour voltou a ser alvo de condenação na Justiça do Trabalho após denúncias de oferecer alimentação imprópria para o consumo a seus funcionários. O caso, que ganhou repercussão nacional, envolve uma ex-funcionária que relatou ter sido submetida a situações degradantes durante o expediente em um dos postos de combustível administrados pela empresa.
Segundo informações divulgadas pelo G1, a mulher trabalhou no posto entre os anos de 2022 e 2025 e afirmou que a comida oferecida aos trabalhadores do posto era diferente da servida aos funcionários do supermercado principal, apresentando qualidade inferior, quantidade insuficiente e, em alguns casos, até presença de insetos e larvas.
A ex-funcionária ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho relatando o constrangimento e a humilhação enfrentados no local. Durante o processo, testemunhas confirmaram as más condições da alimentação fornecida, o que levou o juiz Eduardo José Matiota, da 2ª Vara do Trabalho de Guarujá (SP), a condenar o Carrefour ao pagamento de R$ 50 mil por danos morais.
Além da indenização, a empresa foi obrigada a pagar auxílio-refeição retroativo, calculado com base nos dias efetivamente trabalhados pela funcionária durante o período de contratação. O valor inicial solicitado pela defesa era de R$ 61,5 mil, mas foi reduzido pelo magistrado após a sentença.
Em sua defesa, o Carrefour alegou que as acusações eram “fantasiosas” e negou irregularidades nas condições oferecidas aos empregados. Mesmo assim, o juiz considerou que as provas apresentadas foram suficientes para comprovar a veracidade dos relatos. A empresa já recorreu da decisão.
Os advogados que representam a ex-funcionária, Lucas Pinho e Lucélia Santos, informaram que o caso não é isolado. Segundo o escritório, outros dez trabalhadores também moveram ações semelhantes contra o grupo, com denúncias que envolvem más condições de trabalho, acúmulo de funções e descumprimento do horário de descanso previsto por lei.
Ainda conforme a defesa, antes de recorrer à Justiça, os empregados tentaram resolver a situação internamente, chegando a elaborar um abaixo-assinado pedindo melhorias, mas sem qualquer resposta efetiva por parte da empresa.
O caso reacende o debate sobre o respeito às condições básicas de trabalho e alimentação, especialmente em grandes corporações. A condenação reforça o dever das empresas de garantir dignidade e segurança alimentar aos seus funcionários, evitando situações que possam colocar em risco a saúde e o bem-estar de quem trabalha diariamente em seus estabelecimentos.