Os desafios que surgem e se espalham rapidamente nas redes sociais costumam atrair a atenção de crianças e adolescentes por aparentarem ser inofensivos ou apenas mais uma tendência do momento. No entanto, alguns desses comportamentos escondem riscos sérios à saúde e podem trazer consequências profundas para famílias e comunidades. Um desses casos recentes reacendeu o debate internacional sobre segurança digital e orientação familiar.
A família da adolescente inglesa Tiegan Jarman, de apenas 13 anos, enfrenta hoje a dor de uma perda inesperada após a jovem participar de um desafio conhecido como “chroming”. A prática consiste na inalação de vapores liberados por produtos domésticos, como sprays aerossóis, tintas ou desodorantes, com o objetivo de provocar uma sensação momentânea de euforia.
Tiegan foi encontrada desacordada em seu quarto, na cidade de Thurmaston, na Inglaterra. Apesar da rápida chegada das equipes de emergência, não foi possível reverter o quadro. Meses após o ocorrido, o pai da menina, Paul Jarman, decidiu tornar pública a história da filha como forma de alertar outras famílias sobre os riscos associados a esse tipo de desafio virtual.
Em entrevista ao jornal Daily Mail, Paul relatou o impacto da perda e destacou como essas tendências se espalham com velocidade entre os jovens. Segundo ele, muitos adolescentes não têm plena consciência das consequências que determinadas práticas podem trazer, principalmente quando apresentadas nas redes sociais como algo “divertido” ou sem maiores perigos.
Especialistas em saúde explicam que a inalação de substâncias químicas pode afetar diretamente o funcionamento do organismo. Entre os possíveis efeitos estão alterações no sistema nervoso, impactos no coração, dificuldades respiratórias e, em situações mais graves, reações inesperadas mesmo em uma única exposição. O risco é ampliado pelo fácil acesso aos produtos utilizados, que fazem parte do cotidiano doméstico.
Hospitais e instituições médicas, como o St. Louis Children’s Hospital, nos Estados Unidos, orientam pais e responsáveis a ficarem atentos a sinais que podem indicar o uso dessas substâncias. Entre eles estão odores químicos persistentes nas roupas, irritações ao redor do nariz ou da boca, olhos avermelhados, sangramentos nasais frequentes, além de mudanças bruscas de comportamento, como isolamento ou alterações de humor.
O caso de Tiegan também reacendeu discussões sobre a responsabilidade das plataformas digitais na circulação de conteúdos potencialmente prejudiciais. Especialistas defendem que, além de mecanismos de moderação mais eficazes, é fundamental investir em educação digital, promovendo o pensamento crítico entre crianças e adolescentes.
Para a família da jovem, falar sobre o assunto é uma forma de transformar a dor em conscientização. O pai reforça a importância do diálogo dentro de casa e da presença ativa dos responsáveis na vida online dos filhos. “Se compartilhar essa história ajudar a evitar que outra família passe pelo que estamos vivendo, então a memória dela continuará fazendo a diferença”, afirmou.
O episódio serve como um lembrete de que tendências virtuais nem sempre são inofensivas e que informação, acompanhamento e conversa aberta continuam sendo as principais ferramentas de proteção para os mais jovens.