A cidade de Santa Isabel, na Grande São Paulo, vive um momento de grande comoção após a perda de Maria Ribeiro Baptista, de 78 anos, que faleceu poucos dias depois de realizar um procedimento estético. O caso ganhou destaque não apenas pelo desfecho inesperado, mas também pelas questões que surgiram sobre a regularidade da clínica e a formação do profissional responsável.
Maria decidiu, no dia 25 de novembro, realizar um procedimento facial que, segundo informações iniciais, tinha como finalidade suavizar marcas naturais do envelhecimento. A família só tomou conhecimento da intenção da idosa um dia antes, quando uma de suas filhas viu a confirmação do agendamento no celular da mãe. Embora tenha sido orientada a adiar o compromisso e buscar uma nova avaliação junto à irmã médica, Maria manteve sua decisão e compareceu à clínica.
O estabelecimento ficava em Santa Isabel e era dirigido por um homem de 31 anos que se apresentava como biomédico. No entanto, durante as investigações, a Polícia Civil constatou que ele não tinha registro profissional para exercer a atividade, nem autorização para realizar procedimentos invasivos ou prescrever medicamentos. A própria clínica funcionava sem alvará, o que acendeu ainda mais o alerta das autoridades.
Após retornar do atendimento, Maria apresentou hematomas na região do rosto. Inicialmente, ela disse aos familiares que havia se chocado contra um pilar, tentando tranquilizá-los. No dia seguinte, porém, confirmou que havia sido submetida ao procedimento estético e que o responsável lhe entregara dois medicamentos: um analgésico e um corticoide.
Cerca de dois dias depois, Maria passou a sentir desconforto abdominal e episódios de mal-estar, levando os familiares a procurarem atendimento na Unidade de Pronto Atendimento de Santa Isabel. De acordo com registros médicos, ela chegou à unidade em quadro grave. Apesar dos esforços das equipes, a idosa não resistiu. A causa exata da morte ainda depende dos laudos periciais, que vão esclarecer se há relação direta entre o procedimento e o agravamento do seu estado de saúde.
Com o avanço da investigação, o caso inicialmente tratado como morte suspeita foi reclassificado para homicídio doloso, quando há entendimento de que o responsável assumiu o risco de causar um desfecho grave ao atuar sem habilitação. Em depoimento, o suspeito afirmou que Maria teria realizado um preenchimento facial ao custo de R$ 1.500. A polícia avalia também a possibilidade de outra técnica ter sido aplicada, já que conversas de agendamento mencionam fios faciais.
A Justiça emitiu um mandado de prisão temporária contra o investigado, válido por 30 dias. Ele se apresentou à Polícia Civil e equipamentos utilizados nos atendimentos foram recolhidos para análise. O inquérito busca esclarecer, entre outros pontos, como o profissional conseguia adquirir substâncias cuja compra é autorizada apenas a profissionais devidamente habilitados.
O caso gerou muita reflexão na comunidade, especialmente sobre a importância de verificar a regularidade de clínicas e profissionais antes de realizar qualquer tipo de procedimento estético. A história de Maria reforça a necessidade de cuidados redobrados e da valorização da segurança em primeiro lugar.