Casos de acidente vascular cerebral (AVC) costumam ser associados a pessoas idosas ou com histórico de doenças graves. Porém, a realidade médica tem mostrado um cenário cada vez mais alarmante — e a história da britânica Esther Littlewood, de apenas 20 anos, é prova disso. Uma simples dor de cabeça, aparentemente inofensiva, foi o único sinal antes de um AVC que quase a levou à morte.
Em junho deste ano, Esther estava em casa, assistindo televisão, quando começou a sentir uma forte dor na cabeça. Como qualquer jovem saudável faria, tomou um medicamento e foi descansar acreditando se tratar de uma enxaqueca passageira. Horas depois, o namorado a encontrou inconsciente e iniciou uma corrida contra o tempo. Ao chegar ao hospital, os médicos decidiram induzir o coma para tentar salvar sua vida.
O diagnóstico foi devastador: Esther havia sofrido um acidente vascular cerebral isquêmico, causado pela passagem de um coágulo até o cérebro. O que chocou ainda mais os especialistas foi a origem do problema — o coágulo passou por uma abertura no coração chamada forame oval patente, presente desde o nascimento e que, em algumas pessoas, nunca se fecha completamente. A passagem do coágulo por essa abertura é rara, mas quando ocorre pode ter consequências fatais.
A jovem não apresentava qualquer condição aparente que a colocasse no grupo de risco. Ela treinava todos os dias, se preparava para ingressar na polícia e levava uma rotina ativa. Nada indicava que seu corpo estava prestes a falhar de forma tão dramática. O caso levantou um alerta mundial, já que cerca de 25% dos adultos possuem essa abertura no coração sem saber — e na maioria das vezes ela nunca causa complicações, mas pode se tornar uma ameaça silenciosa.
Depois de 12 dias internada, Esther recebeu alta, ainda em recuperação, e aguarda a cirurgia que deve selar definitivamente a abertura cardíaca, reduzindo quase totalmente o risco de um novo AVC. Médicos afirmam que, embora o procedimento seja considerado simples, pode representar a diferença entre a vida e a morte para pacientes que já passaram por episódios semelhantes.
A experiência deixou marcas profundas. A jovem, antes cheia de planos e energia, viu sua vida ser interrompida de forma abrupta. Em entrevista, relatou o sentimento de incredulidade por ter enfrentado um evento tão grave sem qualquer aviso claro. “Eu era saudável, fazia exercícios, nunca pensei que uma dor de cabeça pudesse ser o início de algo tão grave. Eu quase morri dormindo”, declarou.
Agora, Esther dedica sua recuperação a conscientizar outras pessoas. Ela reforça que, embora a dor de cabeça seja um sintoma comum, quando ela foge do padrão, desacelera o corpo de forma repentina ou vem acompanhada de sensação de estranhamento, pode ser um pedido de socorro. “Se houver qualquer dúvida, procure atendimento médico. Não espere passar”, alerta.
O caso se tornou mais do que uma história pessoal — virou um alerta incômodo, porém necessário: em um mundo onde os sinais de adoecimento nem sempre são óbvios, ignorar o inesperado pode custar a própria vida.