Em meio à dor e à confusão que tomaram conta do Rio de Janeiro após a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, histórias individuais começam a emergir e revelar o lado mais humano por trás dos números. Uma delas é a de Taua Brito, mãe de Wellington Brito, de apenas 20 anos, que recebeu uma das últimas mensagens do filho momentos antes de ele ser morto durante os confrontos.
Desde a última quarta-feira (29), dezenas de famílias se revezam na porta do Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer os corpos das vítimas da operação — que, segundo as autoridades, resultou em 121 mortes, o maior número já registrado em uma única ação no estado.
Em entrevista ao Extra, Taua contou que Wellington ficou encurralado na região conhecida como Mata da Vacaria, na Penha. Desesperado, o jovem enviou uma mensagem à mãe pedindo ajuda:
“Mãe, vem aqui, vem me buscar.”
Sem pensar duas vezes, ela saiu de casa levando os documentos do filho, acreditando que ainda havia tempo para resgatá-lo com vida. “Eu só queria tirar ele de lá, para ele não morrer. Que ele pagasse pelo que tivesse feito, mas preso, vivo”, relatou com a voz embargada.
Horas depois, ao conseguir subir o morro, Taua encontrou o corpo do filho já sem vida, atingido por um disparo na cabeça. Desde então, a mãe permanece em estado de profunda tristeza, tentando entender como a vida do jovem terminou daquela forma.
“Eu nunca apoiei a vida que ele escolheu, mas na favela é difícil. As oportunidades não são iguais para todos”, lamentou.
Mesmo em meio à dor, Taua demonstrou empatia ao mencionar os quatro policiais que também perderam a vida na operação. “Sei que a dor das mães deles é igual à minha. Nenhuma mãe deveria enterrar um filho”, desabafou.
Com o olhar distante, ela resume o vazio que ficou: “Eu vendia bolos e doces para dar o melhor aos meus filhos. Todas as minhas metas incluíam o Wellington. Agora, metade de mim foi embora com ele.”
O caso de Taua Brito é mais do que uma história de perda — é um retrato da realidade de muitas famílias que vivem entre o medo e a esperança, tentando sobreviver em meio à violência que ainda marca tantas comunidades do Rio de Janeiro.