Um caso registrado em Manaus (AM) está mobilizando autoridades, profissionais da saúde e a população após a morte do menino Benício Xavier, de 6 anos, durante atendimento pediátrico entre a noite de sábado (23) e a madrugada de domingo (24). A situação trouxe à tona discussões importantes sobre os protocolos adotados no ambiente hospitalar e a necessidade de constante verificação de prescrições, especialmente quando se trata de crianças.
De acordo com as informações divulgadas pela Polícia Civil, a médica responsável pelo atendimento, Juliana Brasil Santos, reconheceu em um relatório oficial que prescreveu adrenalina de forma equivocada. O documento, enviado para as autoridades, afirma que o medicamento deveria ter sido indicado para uso via oral, mas acabou sendo registrado para administração intravenosa — o que provocou um efeito inesperado e grave no organismo do menino.
A médica relatou ainda que ficou surpresa ao perceber que a equipe de enfermagem não questionou a prescrição no momento da aplicação da medicação. Já o relatório da UTI Pediátrica confirma que a substância foi administrada por via errada e descreve os sintomas apresentados por Benício logo após a aplicação: taquicardia, palidez, dificuldade respiratória e sinais compatíveis com intoxicação medicamentosa. Mesmo diante dos esforços realizados pela equipe médica, o menino não resistiu.
A investigação segue em andamento. Nesta sexta-feira (28), tanto a médica quanto a técnica de enfermagem envolvida foram ouvidas pela Polícia Civil. Segundo o delegado responsável, diante dos elementos iniciais reunidos, foi solicitada a prisão preventiva da profissional que realizou a prescrição. Porém, a Justiça concedeu um habeas corpus preventivo, de modo que a médica responderá ao processo em liberdade enquanto os fatos continuam sendo apurados.
Uma acareação entre as profissionais deve ser marcada para esclarecer detalhes sobre as etapas do atendimento, a comunicação entre os membros da equipe e os procedimentos adotados no momento da prescrição e da administração da medicação. A expectativa é de que o cruzamento de informações ajude a definir com precisão eventuais responsabilidades.
O caso reacendeu um debate sensível sobre segurança e protocolos dentro de unidades hospitalares. Especialistas ressaltam que, embora atuem diariamente sob forte pressão e em ritmo intenso, equipes médicas e de enfermagem dependem de atenção constante, revisão de informações e comunicação clara entre os profissionais. Em situações pediátricas, o cuidado precisa ser ainda mais rigoroso devido à sensibilidade do organismo infantil.
Enquanto a investigação avança, familiares e amigos de Benício enfrentam um momento de enorme tristeza. A sociedade, por sua vez, acompanha com esperança de que o caso contribua para aprimorar práticas e reforçar a importância da conferência coletiva de prescrições em ambientes hospitalares, garantindo mais segurança a todos os pacientes.