A tarde de domingo (16) terminou em violência brutal na zona rural de Arapiraca, no Agreste de Alagoas. O médico Alan Carlos de Lima Cavalcante foi assassinado a tiros dentro de seu carro, estacionado em frente à Unidade Básica de Saúde do Sítio Capim (UBS). O crime, testemunhado por populares, rapidamente tomou proporção regional, não apenas pela gravidade da ação, mas pelo fato de a principal suspeita ser a própria ex-esposa da vítima — a médica Nadia Tamyres.
Imagens que circularam nas redes sociais registraram o momento posterior ao ataque, mostrando Alan já sem vida no banco do motorista, enquanto uma mulher desesperada tentava abraçá-lo pela janela do veículo. Moradores se aglomeraram ao redor da cena, chocados. O Samu foi acionado, mas ao chegar, o médico já não apresentava sinais vitais.
Segundo o relatório do 3º Batalhão da Polícia Militar, Alan havia ido até o posto de saúde apenas para entregar um bolo a uma conhecida. A situação aparentemente corriqueira foi interrompida minutos depois, quando Nadia chegou em outro carro, desceu armada e passou a ameaçá-lo verbalmente. Testemunhas relataram que ela gritou:
“Você quebrou a medida protetiva, vou te matar.”
Na tentativa de fugir, Alan colocou o carro em marcha a ré e recuou alguns metros. Não houve tempo para reação: a suspeita abriu fogo, atingindo o peito do ex-companheiro. Ele morreu dentro do próprio veículo, sem qualquer chance de defesa. Após os disparos, a acusada teria se voltado contra a cunhada, que presenciou a cena e ficou sob a mira da arma. Segundo o relato:
“Só não vou lhe matar porque acabou a munição.”
Na sequência, Nadia fugiu.
A fuga durou pouco. Horas depois, ela foi localizada e presa na avenida Fernandes Lima, em Maceió, já na capital. Com ela, os agentes encontraram a arma utilizada no crime, o que reforçou a materialidade do homicídio.
Posteriormente, a suspeita alegou que vivia sob ameaças do ex-marido e afirmou que havia denunciado Alan por abuso de vulnerável contra a própria filha, obtendo medida protetiva judicial. Nadia declarou que teria matado o médico por medo de uma possível emboscada.
A criança — filha do ex-casal — não estava presente no momento dos disparos. O Conselho Tutelar foi acionado e determinou que a menor permanecesse sob a guarda da avó materna até decisão judicial.
O Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal) afirmou que só pode investigar condutas éticas ligadas ao exercício da profissão, esclarecendo que casos estritamente criminais não são julgados pelo órgão.
A Polícia Civil trata o caso como homicídio qualificado, considerando circunstâncias de premeditação, impossibilidade de defesa da vítima e motivação investigada. A médica segue presa, enquanto a investigação busca preencher todas as lacunas que cercam uma história marcada por conflito conjugal, acusações graves e um final sangrento.