A cidade da Serra (ES) está profundamente abalada pela morte de Ashley Leppaus Nascimento, de apenas 9 anos. A menina faleceu após procurar atendimento em unidades de saúde do município por três vezes consecutivas, apresentando dores abdominais intensas.
O primeiro atendimento aconteceu no domingo (19/10), na UPA de Castelândia. Ashley realizou exame de sangue e recebeu diagnóstico de gastroenterite. Após ser medicada, foi orientada a retornar apenas se os sintomas persistissem.
Já na segunda-feira (20/10), com as dores contínuas, a mãe, Mara Leppaus, levou a filha à UPA do Hospital Materno Infantil, em Colina de Laranjeiras. A menina foi classificada com pulseira verde — que indica baixa prioridade — e acabou liberada sem passar por exames adicionais.
A mãe contou que chegou a alertar a equipe sobre a possibilidade de apendicite, já que ela mesma havia enfrentado a doença na infância. No entanto, o médico descartou essa hipótese.
Imagens registradas na sala de espera mostram Ashley claramente desconfortável.
Na terça-feira (21/10), o quadro piorou de forma significativa. A menina vomitou, perdeu a consciência e foi levada novamente à UPA de Castelândia. Já desacordada, passou por procedimentos de reanimação e foi intubada. Na sequência, foi transferida para o Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (antigo HPM), em Vitória.
Mesmo após cerca de 30 minutos de esforços da equipe para estabilizá-la, Ashley não resistiu.
O atestado de óbito apresentou como causa apendicite com rompimento e evolução para infecção generalizada (sepse). Para familiares, o desfecho poderia ter sido evitado caso a condição tivesse sido identificada precocemente.
Segundo Mara, durante as idas às unidades de saúde, a dor apresentada pela filha foi minimizada e nenhum exame mais detalhado foi solicitado pelos profissionais.
“O médico disse que era gastrite e mandou para casa. Não passou exame, nada. Minha filha estava com muita dor e não conseguia ficar em pé”, relatou.
Nos momentos anteriores à piora, Ashley chegou a pedir que o irmão mais novo não fosse à escola e expressou o desejo de ver a irmã mais velha. Pouco depois, vomitou uma substância escura e desmaiou.
A Prefeitura da Serra informou que notificou as organizações sociais responsáveis pela gestão das UPAs e abriu investigação interna para apurar possíveis falhas nos atendimentos.
De acordo com a nota, o serviço de assistência social está disponível à família, oferecendo apoio psicológico e acolhimento durante o período de luto.
A morte da menina deixou parentes e amigos profundamente entristecidos. A mãe afirma que ainda se sente em choque e que todos estão muito abalados.
“O laudo mostrou que era apendicite rompida. Estamos arrasados. Minha filha mais velha está grávida e precisou tomar medicação de tão abalada”, disse Mara.
Nas redes sociais, homenagens à menina destacam seu sorriso e alegria contagiantes:
“Uma estrela que brilhou em vida e nos encheu de felicidade nesses nove anos. Você sempre será nossa protagonista.”