O crime que tirou a vida de Rafaela de Oliveira, de 27 anos, em Chapecó (SC), deixou a comunidade atônita pela forma como ocorreu e pelos novos detalhes divulgados nesta semana pela Polícia Civil. Depois de dois meses de investigação intensa, os agentes concluíram que o caso se trata de feminicídio, com motivação que surpreendeu os próprios investigadores.
Rafaela foi encontrada sem vida dentro de casa no dia 11 de agosto, deitada sobre a cama. Exames periciais confirmaram que ela morreu por asfixia causada por compressão do pescoço, e o objeto usado para provocar a lesão foi uma calça jeans, conforme apontaram os laudos técnicos. Até então, a hipótese de latrocínio e até envolvimento com tráfico eram consideradas, mas o desfecho tomou outro rumo.
Durante a perícia no imóvel e em um veículo alugado pela jovem, os policiais localizaram mais de 20 kg de maconha, cerca de 2 kg de cocaína e aproximadamente 1 kg de crack. A descoberta ampliou o escopo das investigações, já que havia indícios de que a residência vinha sendo usada para movimentação de drogas.
A reconstituição feita pela Delegacia de Homicídios incluiu análise de câmeras de segurança das proximidades e monitoramento da área onde Rafaela morava. Em uma dessas gravações, um homem circula diversas vezes na região durante a madrugada do crime. Ele foi identificado como um chapecoense de 33 anos, que passou a ser o principal suspeito.
A Justiça decretou sua prisão temporária e ele foi detido em 15 de outubro. Em depoimento, afirmou que esteve no local apenas para comprar maconha e negou envolvimento na morte. No entanto, mensagens, deslocamentos registrados por câmeras, rastreamento telefônico e inconsistências em sua versão contribuíram para confirmar a participação no delito.
O ponto que mais chamou atenção dos investigadores foi a motivação: o suspeito teria pressionado Rafaela para iniciar um relacionamento afetivo, que foi recusado por ela. A rejeição teria desencadeado a agressão fatal.
O crime agora passa pela fase final de investigação, com conclusão de laudos complementares que serão encaminhados ao Ministério Público para formalização da denúncia. Esse é o segundo feminicídio registrado em Chapecó em 2025, reforçando a urgência de políticas públicas voltadas à proteção das mulheres e ao enfrentamento da violência de gênero.