Mulher morre de derrame cerebral, doa os órgãos e transmite câncer não detectado aos quatro receptores

Em um caso que surpreendeu a comunidade médica internacional, uma mulher de 53 anos, que faleceu na China em decorrência de uma hemorragia intracraniana, acabou transmitindo um câncer de mama não detectado aos quatro pacientes que receberam seus órgãos. O episódio, considerado extremamente raro, levantou importantes discussões sobre os protocolos de triagem em transplantes e os limites da ciência médica diante do imprevisível.

Os órgãos transplantados incluíram pulmões, fígado e rins, e, em um primeiro momento, todos os receptores apresentaram boa recuperação. No entanto, entre 16 meses e seis anos após as cirurgias, os quatro pacientes começaram a desenvolver sintomas que, após exames detalhados, revelaram ser câncer metastático com origem idêntica — o mesmo tipo de tumor presente na doadora.

O caso foi descrito em detalhes em um artigo científico publicado em 2018 no American Journal of Transplantation, uma das revistas médicas mais respeitadas do mundo. Segundo o relatório, três dos quatro receptores acabaram falecendo em decorrência das complicações provocadas pela doença, mesmo após tratamento intensivo. O quarto paciente sobreviveu, após a retirada do órgão transplantado e um extenso processo de quimioterapia.

De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo estudo, todos os exames realizados antes da doação estavam dentro dos parâmetros normais, sem nenhum indício de tumor ativo. O câncer de mama da doadora provavelmente estava em fase muito inicial ou latente, o que dificultou a detecção durante as análises médicas prévias ao transplante.

Casos como esse são extraordinariamente raros, e estima-se que a chance de transmissão de um câncer por transplante seja de 1 para cada 10 mil cirurgias. Mesmo assim, o episódio chamou atenção para a necessidade de protocolos ainda mais rigorosos na triagem de potenciais doadores, especialmente em situações de urgência, quando o tempo é determinante para salvar vidas.

Especialistas ressaltam que os transplantes continuam sendo procedimentos seguros e indispensáveis, responsáveis por salvar milhares de pessoas todos os anos. No entanto, o caso serve como um lembrete de que, mesmo diante de todos os avanços científicos, a medicina ainda enfrenta situações em que o corpo humano desafia o conhecimento e surpreende até os profissionais mais experientes.

O episódio, além de trágico, reforça a importância da pesquisa contínua e da vigilância médica para garantir que o gesto nobre da doação de órgãos continue sendo sinônimo de esperança — e não de risco — para aqueles que esperam por uma nova chance de viver.

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