Relato da mãe de morto no Rio ch0ca a todos; “Estava com os pulsos amarrados”

A dor e a indignação tomaram conta do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, após a megaoperação policial que deixou mais de 130 mortos — o maior número já registrado em uma ação desse tipo no estado. Em meio às famílias que buscam notícias e tentam reconhecer os corpos, um relato de uma mãe tem ganhado destaque e causado profunda comoção.

A mulher, que preferiu não se identificar por medo de retaliações, contou entre lágrimas que o corpo do filho foi encontrado com os pulsos amarrados, o que levantou dúvidas sobre as circunstâncias da morte. “Meu filho não reagiu, ele estava desarmado. Disseram que foi em confronto, mas ele estava com as mãos amarradas. Isso não é confronto, é execução”, desabafou, inconsolável.

Segundo a mãe, o jovem havia saído de casa na manhã da operação apenas para ir à padaria. Desde então, ela não teve mais notícias dele até receber a confirmação de que o corpo havia sido encontrado. “Eu só quero justiça. Meu menino não era bandido, era trabalhador. Estava com roupa simples, chinelo, indo comprar pão. Nunca pensei que veria meu filho desse jeito”, lamentou.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro confirmou que recebeu diversas denúncias semelhantes sobre corpos com sinais de amarração e tiros à curta distância, e informou que irá solicitar investigação independente sobre as circunstâncias das mortes.

Enquanto isso, nas comunidades da Penha e do Alemão, famílias se reúnem em busca de informações nos hospitais e no Instituto Médico Legal (IML). Moradores relatam que nem todos os corpos foram identificados e que há pessoas desaparecidas desde o início da operação, realizada pelas Polícias Civil e Militar.

A operação, segundo as autoridades, tinha como objetivo desarticular grupos armados e prender líderes do tráfico. No entanto, o número elevado de mortos e as denúncias de excessos e abusos têm gerado intensa repercussão e pedidos de apuração.

Nas redes sociais, o relato da mãe comoveu milhares de pessoas e reacendeu o debate sobre a violência nas favelas e a forma como as operações são conduzidas. “Estava com os pulsos amarrados”, disse ela, em prantos — uma frase que agora simboliza não apenas a sua dor, mas a de inúmeras famílias que buscam por respostas.

Enquanto o caso segue em investigação, a comunidade tenta se recompor, marcada por um luto coletivo e pela sensação de impotência diante de mais uma tragédia que expõe, de forma dolorosa, as feridas abertas da segurança pública no Brasil.

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