Velório dos policiais mortos em megaoperação no RJ é marcado por forte comoção

O clima de dor e comoção tomou conta do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (30), durante o velório dos policiais mortos na megaoperação realizada nos Complexos do Alemão e da Penha. O momento foi marcado por homenagens emocionadas, lágrimas e lembranças de vidas dedicadas à missão de proteger a sociedade.

Entre os homenageados estava o sargento do Bope Heber Carvalho da Fonseca, de 39 anos, cuja história tocou profundamente familiares e companheiros de farda. O tio do militar, Edson da Silva Carvalho, de 54 anos, fez um desabafo comovente ao recordar o sobrinho e o amor que ele tinha pela profissão.

“A PM era tudo para ele. Começou como fuzileiro, mas o sonho era ser do Bope. Tudo que pretendia corria atrás e conseguia”, contou, emocionado.

Edson descreveu Heber como um verdadeiro guerreiro, alguém determinado a fazer a diferença no combate à criminalidade. Para a família, a dor da perda se mistura ao orgulho de saber que ele cumpriu sua missão com coragem e dedicação até o último momento.

O comandante do Bope, tenente-coronel Marcelo Corbage, também prestou homenagem e destacou a bravura dos agentes. Segundo ele, os sargentos “antes de tombarem, salvaram outros policiais feridos”, um ato que reforça o espírito de companheirismo e entrega que caracteriza o grupo de elite da corporação.

Corbage relembrou uma frase que Heber repetia com frequência antes das missões:

“Ninguém vai parar a gente. E assim nós vamos perpetuar.”

Essas palavras, segundo o comandante, resumem o sentimento de união e coragem que guiava os policiais nas ações em campo.

Além de Heber, a Operação Contenção também vitimou o sargento Cleiton Serafim Gonçalves, de 42 anos, que deixa esposa e filha. Heber, por sua vez, deixa esposa, dois filhos e um enteado. Ambos foram lembrados como profissionais exemplares e homens de família dedicados.

Os policiais civis Marcus Vinicius Cardoso de Carvalho, de 51 anos, e Rodrigo Velloso Cabral, de 34, também perderam a vida durante a ação. A operação, considerada a mais letal da história do estado, mobilizou cerca de 2.500 agentes e resultou, segundo a Defensoria Pública, em mais de 130 mortes entre civis e policiais.

O corpo de Heber foi conduzido em um caminhão do Corpo de Bombeiros até o Cemitério Jardim da Saudade, sob aplausos e lágrimas. Já o corpo de Cleiton seguiu para sua cidade natal, Mendes, onde foi sepultado. Os policiais civis foram enterrados na quarta-feira (29), em cerimônias igualmente emocionadas.

As despedidas deixaram claro que, por trás de cada farda, há histórias de amor, família e sonhos interrompidos. O luto coletivo se estende por todo o estado, que hoje reconhece o sacrifício e a dedicação dos quatro agentes — lembrados não apenas como policiais, mas como homens que acreditavam em um ideal de justiça e segurança para o Rio de Janeiro.

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